segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Nas alturas

Uma coisa é um pássaro que voa.
Outra um avião. Assim, quem o prefere
Não sabe às vezes como o espaço fere
Aquele, um vi morrer, voando à toa


Um dia em Christ Church Meadows, numa antiga
Tarde, reminiscente de Wordsworth...
E tudo o que ficou daquela morte
Foi um baque de plumas, e a cantiga

Interrompida a meio: espasmo? espanto?
Não sei. tomei-o leve em minha mão
Tão pequeno, tão cálido, tão lasso

Em minha mão... Não tinha o peito de amianto.
Não voaria mais, como o avião
Nos longos túneis de cristal do espaço...

Soneto com pássaro e avião de Vinícius de Moraes


Um comentário:

Marco Túlio Pinto disse...

Lindo texto acompanhado de lindas imagens.